domingo, 4 de outubro de 2009


"A nossa liberdade hoje não é nada mais que a livre escolha de lutar para nos tornarmos livres. E o aspecto paradoxal desta fórmula exprime simplesmente o paradoxo da nossa condição histórica. Não se trata de enjaular os nossos contemporâneos: eles já estão na jaula."

Jean-Paul Sartre


terça-feira, 2 de junho de 2009

A criação artística - compromisso e liberdade

Coubert "Sono ou Adormecidas"

O criador artístico nunca tem “desculpa” para abdicar da sua liberdade de criação em nome dos limites que a classe dominante lhe quer impôr.

Em todas as formas de criação artística, a liberdade de criação e de expressão entra, pela sua própria natureza, em choque aberto com os governos opressores e as classes dominantes. Se qualquer criação é um acto de liberdade, então o artista não pode deixar de ser uma pessoa livre; e, sendo uma pessoa livre, entra inevitavelmente em choque com as grilhetas que o aprisionam e oprimem.

Mas será que se é livre só pelo facto de se ser um criador artístico? Em teoria, sim. Mas, na prática as coisas são mais complicadas. Porque na sociedade em que vivemos, dominada por uma classe hegemónica que explora a força de trabalho, existe também (consequência dessa hegemonia social) uma cultura dominante. E porque essa cultura dominante, nos nossos tempos quase totalmente massificada e mercantilizada, cria inúmeras “zonas de sombra” onde não se percebe claramente se o criador, o artista, está em contradição com ela, ou se está a viver dela e é cúmplice dela. É aquilo a que, simplificando, se costuma chamar a “capacidade de digestão” do sistema dominante para recuperar para o seu lado o potencial de revolta que nasce das classes oprimidas.

Esta recuperação é tão real na política como na criação artística. Os prémios, honras e distinções, as cedências negociadas nos conteúdos e as múltiplas formas de autocensura calculada, o dinheiro e o estilo de vida a que se habituam, fazem com que muitos intelectuais e artistas, por vezes sem terem muita consciência disso, se deixem amarrar a compromissos, a hábitos ou a simples benefícios materiais que vão arredondando as arestas da revolta inicial que sentiam contra o sistema.

O criador artístico nunca tem “desculpa” para abdicar da sua liberdade de criação em nome dos limites que a classe dominante lhe quer impor. A criação artística é como a água: quando não a deixam correr por um lado, ela esgueira-se e corre por outro, faz tudo para evitar a imobilidade, o descompromisso. E quando o exercício da liberdade criativa (nomeadamente a criação ligada às lutas e ao movimento social) não se consegue exercer no plano legal, o artista comprometido e ligado ao seu povo passa – como as próprias lutas – para o plano da alegalidade, ou mesmo, se necessário, para o plano da pura ilegalidade. Não há leis nem juízes nem polícias que possam calar a sua voz.

No fim dos anos 1960, havia uma certa margem de mercado para que algumas editoras discográficas pudessem, com proveito, arriscar a divulgação, em Portugal, de artistas socialmente comprometidos, e mesmo exilados, enquanto conseguiam escapar por entre as malhas da censura e da perseguição policial. Em contrapartida, era muito mais complicado fabricar discos e difundi-los fora do sistema. Em 1969, por exemplo, foi editado um pequeno single com duas canções abertamente contra a guerra colonial. O dinheiro para o gravar e fabricar foi conseguido com encomendas (previamente pagas) de associações de emigrantes portugueses e de organizações da resistência antifascista. A distribuição, além dessas encomendas, foi feita em sessões e espectáculos por toda a Europa, e conseguiu-se ainda, através de pessoas que iam e vinham, fazer entrar em Portugal cerca de 3.000 exemplares, que eram passados de mão em mão ao preço de 20 escudos. Havia, pois, uma espécie de jogo duplo, que não era mau em si: explorar todas as possibilidades de edição e comercialização legal, e ao mesmo tempo não se deixava de fazer edições clandestinas quando os conteúdos a isso obrigavam. Isso só foi possível aos que estavam fora de Portugal, pois as fábricas de discos eram muito controladas pela ditadura, nomeadamente através de autorizações prévias (como ainda hoje, aliás). Sabemos que, nos nossos dias, tudo isto foi ultrapassado, por um lado, pela popularização de meios técnicos de reprodução mecânica doméstica e, por outro lado, pela digitalização e pela utilização massiva da internet.

O carácter intrinsecamente libertário da criação artística restringe, de raiz, qualquer relação do artista-criador com o poder de Estado e com o poder económico que o Estado representa. O pintor Courbet – já falado no Passa Palavra a propósito do seu quadro A Origem do Mundo – escreveu em 1870 uma célebre carta ao ministro francês das Belas-Artes na qual recusa a maior condecoração francesa (a Legião de Honra), estabelecendo um fosso radical entre a sua liberdade de criador e o poder (publicá-la-emos em breve, com alguns dados de enquadramento histórico e biográfico).

É esta a dimensão ética da liberdade de criação. De toda a criação, artística e poética. Porque o criador, no momento em que cria (mesmo que apenas interpretando obras de outros), é uma espécie de representante de toda a Humanidade e do seu destino. Não pode mentir a si próprio, pretender enganar-se a si próprio, por uma simples razão: ele já não é só ele, é algo mais do que ele, muito mais do que ele. Ele é, quando cria, todos os “eles” possíveis. É, por ser livre, totalmente dono de si mesmo. Mas, ao mesmo tempo, não é dono de si mesmo porque se transforma em todos os seus iguais.

Passa Palavra



domingo, 10 de maio de 2009

As Demandas da Liberdade…






A “Aldeia global” de McLuhan tem vindo a consolidar-se. A sua realidade mais actual é a Internet que em segundos e tempo real põe em comunicação cidadãos de todos os continentes latitudes e longitudes.

As novas tecnologias fizeram da comunicação o imperativo da modernidade ou seja um contributo para a Ciência do futuro. As fronteiras territoriais diluíram-se e o Homem tornou-se cada vez mais um ser Universal e Planetário.

No entanto, urge manter as diferenças. O risco da standardização  é crescente e pode uniformizar-nos de tal forma que deixemos de distinguir a nossa  diversidade insubstituível.

Por outro lado tornou-nos  consumistas automáticos. Basta olharmos como o mundo mudou nos últimos anos...

Este desenvolvimento especulativo, sem regulação, ao serviço das multinacionais e do grande capital, levou-nos a uma sociedade desigual, que está a afundar-nos numa profunda crise.

O Homem sem emprego, sem sinais de futuro, sem esperança torna-se desesperado. O perigo da rebelião e do motim, pode sacudir-nos.

De súbito, o momento da ansiedade. O homem face às suas memorias. O homem perante o desafio do quotidiano. A luta, a sobrevivência. A frontalidade da verdade. Diante dos enigmas, perdido num jogo de espelhos que o distancia de si e da sua capacidade de inovar.

Importa que a resistência vá nascendo e crescendo. Que se lute contra os  “Grandes interesses instalados” e construa um mundo humanizado onde todos temos o direito a uma sobrevivência digna.

Está em causa a Paz e a sobrevivência da Humanidade, a entre-ajuda entre povos, a nossa Civilização.

Começa a despontar um novo sentido de descoberta. Trata-se de desafios para os pioneiros do século XXI. Tem de soprar um vento de Democracia total para abrirmos colectivamente o livro da nossa existência até encontrarmos uma melhor explicação para a palavra LIBERDADE.

José Luís Teixeira

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Comemorar 1460 dias de cumplicidade




Pode um amor perdurar para lá do tempo? Sobreviver e entrar nas histórias das histórias de Amor? Pode o Amor ganhar a imortalidade do Romance, do Génio, da Poesia numa aura de romantismo exacerbado? Toda a entrega é importante para levar o Amor a sobreviver ao tempo que conduz ao infinito...
 
Àos primeiros 1460 dias de cumplicidade

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Não há Arte sem Amor, Não há Amor sem Arte!



A Ti, meu amor primeiro, ao amor Fraterno, Planetário, Amor que nos arremete na Transcendência, que nos humaniza.

O Amor infinito por nós e pelo Outro que nos condena à Liberdade e ao caminho da Divinização.

Estou tão perto e tão longe, longe só porque não me vês de estar tão perto. Fecha os olhos e deixa-te levar pelo mistério fecundo do Mundo.
Esquece que há rios e margens, tempo ou distância.
Toma entre os dedos esta chave etérea que, ao abrires os olhos outro Sol sorrirá dentro de ti.

Vou Amar-te para sempre.

Parabéns aos dois que comemoramos a nossa data de início de Amor infinito!


domingo, 26 de abril de 2009

Arte e Liberdade











 




A Arte é uma forma de libertação no seu sentido mais puro. A verdadeira Arte tem de ser provocadora, salvadora e libertária. E porque não tem 
contra-indicações corrermos o risco de sermos mais felizes! 

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Annie Leibovitz












A Fotógrafa das Celebridades

Seria impossível escrever sobre a história da fotografia contemporânea sem mencionar o nome de Annie Leibovitz. A sua celebridade foi alcançada com a famosa fotografia de John Lennon enroscado na sua mulher Yoko Ono, completamente nus, tirada algumas horas antes do assassinato do cantor. A esta foto seguiram-se os retratos de personagens famosas como Patti Smith, Miles Davis, Jodie Foster, Pelé e tantos outros, que vieram formar uma verdadeira constelação de estrelas no “portfolio” da carreira de Annie.

Annie Leibovitz nasceu em Westport, Connecticut, em 1949. Passou a infância em diferentes estados dos E.U.A. Foi durante a adolescência que teve o primeiro encontro com a fotografia através dos álbuns dos retratos da sua família. Os seus primeiros inspiradores, entre os fotógrafos proeminentes, foram Henri-Cartier Bresson e Robert Frank. Em 1970, Annie iniciou os estudos de pintura e fotografia no San Francisco Art Institute. Nesse mesmo ano, enviou um “portfolio” ao director de arte da revista Rolling Stone, Robert Ingsbury, onde obteve o melhor resultado. Jann Wenner, editor da revista, levou a jovem fotógrafa consigo para Nova Iorque, com o encargo de fotografar John Lennon durante a entrevista que ele próprio ia realizar. Ao fim de um mês, os retratos do ex-Beatle foram publicados na capa da Rolling Stone.

Annie Leibovitz, tornou-se famosa pelas suas fotos, polémicas, de celebridades, tais como John Lennon e Yoko Ono nus e de Demi Moore grávida e nua. No entanto, outro grande sucesso surgiu através da sua participação, em 1970, num movimento pacifista, quando fotografou o poeta Alan Ginsberg a fumar haxixe. A revista Rolling Stone obteve imenso êxito com esta imagem, levando a sua direcção a escolhê-la para fotografar John Lennon. Este ex-Beatle também foi o grande responsável pela mudança de estilo da fotógrafa. Em 1990, “Annie Leibovitz Studio” foi o passo, em Nova Iorque, da sua independência.

As Fotografias de Annie Leibovitz

Annie Leibovitz desenvolveu técnicas, inéditas, até então ainda inexploradas pelos seus colegas. Acerca  disso, afirmou o seguinte: “Quando estava na Rolling Stone, tentava adaptar-me à filosofia da revista, comecei então a desenvolver o meu trabalho com uma iluminação mais elaborada. Nos meus retratos, usei luzes fortes sem me importar se fosse um ambiente exterior ou interior. Comecei a misturar luzes artificiais com luzes naturais, um efeito que vejo muito nas revistas”. Isso, devia-se ao facto de Annie não dispor, geralmente, de muito tempo para conhecer a personagem que retratava.           

Annie Leibovitz, actualmente considerada a fotógrafa americana das estrelas, prepara as sessões fotográficas de forma muito meticulosa e, normalmente, consulta os seus modelos com vários dias de antecedência à data acordada para os retratos. É através da interacção intensa e pessoal com os personagens que a fotógrafa consegue obter as poses desejadas e muitas vezes divertidas e humorísticas. “Quando digo que quero tirar uma fotografia a alguém, quer dizer que desejo realmente conhecer essa pessoa.”            

A fotografia é a arte da visão, por isso, deve ser muito bem estudada para que se possa sempre captar aquele momento, aquele simples segundo ainda que mostrando sempre a real beleza do fotografado. A essência do trabalho de Annie, em produzir fotografias muito reveladoras, embora reais, sem aquele toque super elaborado dos padrões Hollywoodianos, traduz o olho de uma artista única, que diz: “sempre que se fotografa, aprende-se alguma coisa” - uma lição que deve ser seguida para a garantia de um trabalho sério e extraordinário.           

Em conclusão, a obra de Annie Leibovitz, já faz parte da cultura universal.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Novo Realismo











Nouveau Réalisme, movimento dos finais dos Anos 50 a meados dos Anos 60, responsável pela renovação das linguagens plásticas e dos temas (Néo-Dada, Pop Art, Fluxus, Grupo Zero...) que surgiram para fazer face à emergência de uma sociedade industrial e de consumo, em ruptura com o que surgiu no pós-guerra.

Se alguns artistas beneficiaram, depois dos Anos 80, de retrospectivas das suas obras (Martial Raysse, César, Arman, Tinguely, Hains, os affichistes...) a sua ligação a um grupo que soube estar presente e activo na cena internacional dos Anos 60 (Estados Unidos, Itália, Alemanha), é hoje mal conhecido, merece uma nova luz, uma nova compreensão. Por outra parte, no momento em que os “actores” estão a desaparecer uns após outros – Niki de Saint-Phalle, César, Hains, Restany, Arman, Rotella..., é importante agarrar as últimas testemunhas de uma história remota e que, de maneira surpreendente, se vai alargando a numerosos jovens artistas da cena contemporânea. 

Pensar é transgredir!






















Penso! Logo existo! 
Logo insisto!

Pensar pede audácia! Reflectir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona permanentemente. Somos inquilinos de algo bem maior que o nosso segredo individual.

O PODEROSO CICLO DA EXISTÊNCIA.

Todos os acontecimentos bons ou maus tem uma semântica própria no contexto das etapas do nosso próprio desenvolvimento..

Viver é recriamo-nos, saborear o bom e defrontar o mau, aguentar sem nos prostrarmos, admitir sem nos humilharmos, ceder sem renunciarmos. Escapar na liberdade do pensamento desse espírito de subordinação que actua inflexivelmente para nos arrebanhar seja lá como for.

Viver livre se a aventura o impõe é reclamar o espaço que se vai conquistando de pequenas vitórias presentes e futuras numa luta permanente pela Liberdade em harmonia no caos.